É preciso estabilizar a colmeia alvinegra

Para o pleno desenvolvimento de uma colmeia, é indispensável a presença de uma rainha forte, poderosa. E para ser forte a rainha precisa conter muito feromônio, uma substância, um cheiro, próprio de cada soberana, com o qual lidera/domina todas as demais abelhas, mantendo a coesão da colmeia.

Numa colmeia com rainha forte tudo funciona perfeitamente, de forma extraordinariamente organizada, cada abelha com a sua função, determinada pela idade: tem as operárias responsáveis pela higiene e outras funções internas; as operárias campeiras, que coletam néctar, pólen, etc; as operárias encarregadas da defesa da colmeia. E tem os zangões, os come e dorme, que são mantidos apenas na quantidade necessária a sua única função, que é dar uma única trepadinha com a rainha virgem, quando perdem os testículos e morrem após o ato sexual.

Já com uma rainha fraca, ou seja, com pouco feromônio, a colmeia fica totalmente desestabilizada. As operárias podem formar "panelinhas" e algumas até virar poedeiras, nascendo apenas machos (zangões) de seus ovos, que se multiplicam; a defesa se desorganiza e geralmente a colmeia é invadida por formigas ou abelhas inimigas; a coleta diminui, etc. Vira uma zorra total. É o fim.

Comparando o Figueirense com uma colmeia, é como se o Nestor Lodetti fosse uma rainha com pouco ou nenhum "feromônio", ou melhor, sem o carisma, sem a liderança, sem a sabedoria, sem a confiança de seus pares, sem a competência necessária para dar a devida estabilidade no clube.

No entanto, ao contrário do mundo das abelhas, nas organizações humanas felizmente é possível obter a estabilidade sem essa liderança forte. Basta adotar uma administração profissional, onde cada um dos envolvidos no processo saiba claramente a sua função, suas responsabilidades, onde as decisões sejam sempre fundamentadas e jamais por questões pessoais. Obviamente com profissionais competentes e do ramo em cada área.

No Figueirense, na atual gestão, essa administração profissional ainda não foi adotada e o episódio envolvendo o Presidente e Márcio Goiano mostra isso. Pelo que se sabe, o Presidente queria demitir o técnico por desavenças pessoais e foi demovido da ideia pelos conselheiros do clube. Ou seja, o Presidente iria tomar uma decisão por um motivo totalmente errado e não tomou por interferência de quem não pode se meter na gestão (conselheiros). Pode haver algo mais amador? Será que os conselheiros não estão se metendo também em outras questões, como quem deve ser contratado/dispensado? Sem falar em diretor de uma área se metendo na área alheia.

Enquanto essa profissionalização não for adotada e aceita por todos no clube, integrando a sua cultura organizacional, a tendência é que o torcedor continue a sofrer com os resultados em campo, pois sem profissionalismo pode-se até vencer algumas batalhas, mas não guerras.