segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Proposta indecente


A proposta apresentada pela Figueirense Participações (FPSA) para o futuro do Figueirense, divulgada parcialmente pelo Tainha em seu blog (clique aqui para ler) chega a ser indecente e não pode ser aceita, pelo menos na forma em que foi formulada.

Até acho que algumas mudanças propostas são justificáveis, como o aumento da multa rescisória, pois os tempos mudaram, os investimentos no futebol ficaram infinitivamente maiores, e nenhuma empresa, nenhuma parceria vai querer investir alto num clube sem garantias, com uma multa rescisória de um milhão de reais, que é quase nada no atual momento do futebol. Isso deve ser um quinto da multa rescisória do Bruno Perone.

Mas não dá para aceitar, por exemplo, transferir o CT para a Figueirense Participações, reduzir drasticamente os poderes de ingerência do clube, inclusive com a extinção do cargo de presidente, se desobrigar (a FPSA) de investimentos no patrimônio e ainda empurrar obrigações fiscais para o clube. E tudo isso sem oferecer nada em troca, pelo menos da parte da proposta que foi tornada pública.Parece-me, vendo de fora, que a FPSA jogou alto para ter margem para negociar. Mas exagerou na medida.

Por outro lado, não penso que o objetivo da parceria possa ser transformar o Figueirense num novo Tombense, como alguns têm falado. Tombense eles já tem um e terão quantos tombenses quiserem. O objetivo é investir num clube de porte mais alto, com administração profissional, com um mercado muito bom, inclusive internacional, com reconhecida excelência nas categorias de base e, portanto, com enorme potencial de lucro. E para que esse lucro potencial se torne real é preciso que os atletas estejam na vitrine, ou seja, disputando os campeonatos mais importantes, com a Série A, a Sul Americana, ou até a Libertadores. A permanência contínua do Figueirense na Série B ou o seu rebaixamento seria péssimo, seria uma tragédia para os negócios. Seria sinônimo de prejuízos para os investidores. E empresário/investidor pode ser tudo, menos burro.

Penso que a única saída é uma negociação para que a parceria possa investir com segurança, mas que também o clube fique resguardado, não só em seu patrimônio, mas em outras questões, como a manutenção dos investimentos nas categorias de base, que tem sido o alicerce do clube nesses anos vitoriosos.

Falo em negociação como única saída porque, embora a proposta não possa ser aprovada nos termos em que foi apresentada, também não dá para chutar o balde e começar tudo do zero, com administração própria. O Figueirense não está preparado para isso. O risco seria enorme. Mas, se a FPSA não tiver disposição para o diálogo, fazer o que? Só restaria uma bicanca no balde, mesmo que o balde esteja cheio de água fria. Muito fria.
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Em tempo: sugiro a leitura de um texto do Ney Pacheco sobre o assunto, muito interessante. Clique aqui para acessar.

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